Quem não gostaria de trabalhar em uma empresa que não só é bem-sucedida, mas que também tem um forte senso de propósito? Imagine uma organização que não apenas reconhece suas responsabilidades ambientais, sociais e de governança, mas também as cumpre, enquanto alcança excelente desempenho financeiro. Maravilhoso, não é? Essas organizações, que equilibram todos esses “pratinhos” se mostram mais maduras frente às demais e, certamente, mais perenes dentro de uma visão de longo prazo.
A Maturidade Organizacional é uma abordagem testada e aprovada diariamente e demonstra o quanto empresas orientadas por propósito, que valorizam e realizam o potencial de suas equipes, que cuidam do meio ambiente e de seus recursos naturais, que inovam e que estão sempre atentas aos desafios globais, tendem a impactar menos negativamente a sociedade e a superar as expectativas de suas partes interessadas, gerando resultados financeiros positivos, humanos e ambientais.
Em 2022 a ABNT lançou a PR 2030 – “Prática Recomendada ABNT 2030”, que consiste em uma diretriz criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), focada em práticas de ESG e de sustentabilidade corporativa, em sinergia com os demais padrões globais de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa. Se muito bem estudada, referida Prática Recomendada pode servir como uma importante ferramenta para as empresas medirem o seu nível de Maturidade ESG e de Sustentabilidade, assim como o Valor Compartilhado Gerado para as suas partes interessadas.
De acordo com a PR 2030, a evolução das práticas ESG nas organizações pode ser medida por cinco estágios de maturidade, cada um refletindo um nível crescente de integração e compromisso com as diretrizes da própria Prática Recomendada e outros frameworks globais de sustentabilidade, como o GRI (Global Reporting Initiative), os Princípios do Pacto Global das Nações Unidas, Indicadores Ethos, GHG Protocol, ISE-B3, CDP, PRI etc.
Estágio 1 e Estágio 2: As práticas ESG são incipientes e primariamente reativas. Nestes estágios iniciais, as organizações focam em atender às exigências legais e regulatórias mínimas e adotam medidas dispersas, sem uma estratégia ou integração sistemática. Logo, as práticas adotadas não podem ser consideradas práticas ESG.
Estágio 3: Este estágio marca um ponto de inflexão na jornada ESG das organizações, na medida em que a liderança começa a atuar de forma mais consistente na temática do ESG. As práticas possuem enfoque operacional e passam a ser gerenciadas em processos mais estruturados, mas a princípio, focam na gestão de riscos de imagem, reputação, e melhorias em eficiência de qualidade.
Estágio 4: A liderança está à frente dos processos de ESG, ou seja, a liderança não apenas adota, mas impulsiona a agenda ESG, incorporando-a de forma estratégica no cerne das operações e da tomada de decisão. As práticas neste estágio são guiadas por objetivos claros, metas específicas, indicadores-chave de desempenho (KPIs) e monitoramento contínuo, alinhando-se aos padrões internacionais e contribuindo para uma visão integrada e sistêmica da sustentabilidade.
Estágio 5: No estágio de maturidade mais avançado, a organização já posicionou o ESG como base de seu modelo estratégico de negócio, o que significa dizer que o ESG é integral e indissociável do modelo de negócios da organização. Todos os produtos e serviços pensados e criados levam em consideração as práticas de ESG, e as empresas atuam não somente para implementar práticas internas robustas, mas também para influenciar positivamente outras organizações, setores e cadeias de valor.
Neste sentido, a Maturidade Organizacional proposta no Estágio 5 ou também conhecido como Estágio Transformador, evidencia, ainda mais, a importância dos Três “Ps”, ou seja, do Propósito, Pessoas e Performance. Na medida em que a organização precisa ter de forma muito clara o seu Purpose, pois somente assim conseguirá promover engajamento estruturado com as Pessoas e demais partes interessadas e grupos impactados neste tema, buscando a superação conjunta de sua Performance e das metas estabelecidas e a maximização dos impactos positivos sociais e ambientais.
Com esses três “Ps” que são interconectados e facilmente demonstrados no Estágio Transformador, a organização apresenta liderança, buscando protagonismo frente ao seu setor e ramo de atividade e cadeias de valor, realizando, de forma sistemática, a defesa do tema com a sociedade, de modo mais amplo para o estabelecimento de programas privados e políticas públicas estruturantes.
Afinal, como perguntei no início, quem não gostaria de trabalhar em uma empresa que não só é bem-sucedida, mas que também tem um forte senso de propósito?