Resumo
A Bacia Hidrografia do Ribeirão Carioca, Itabirito/MG, está situada no interior do Quadrilátero Ferrífero, onde são observados diversos focos de erosão acelerada nas rochas dos Supergrupos Minas e Rio das Velhas, e principalmente nas friáveis rochas do Complexo do Bação, onde está grande parte da bacia estudada. A região é marcada pelos usos agropastoris que podem se constituir em pressões humanas responsáveis por impactos nos corpos d’água como o aumento das taxas de turbidez e o assoreamento. Desse modo, este trabalho investigou o comportamento da turbidez das águas na bacia do Ribeirão Carioca, relacionando os dados com o uso do solo e as atividades humanas na bacia. Para tanto, foi elaborado um mapa de pressões, impactos e cobertura do solo, além do monitoramento da turbidez em dois pontos: um no Ribeirão Saboeiro e outro no Ribeirão Carioca, próximo à sua foz no Rio Itabirito. O estudo revelou que os valores de turbidez têm comportamentos específicos para cada ponto amostrado. No Ribeirão Saboeiro, a turbidez na estação seca foi maior que na úmida, possivelmente reflexo da atividade de extração de areia nas margens do mesmo ribeirão. No ponto próximo da foz com o Rio Itabirito, a turbidez sofreu aumento significativo na estação úmida: cerca de 9 vezes em relação à estação seca. Observa-se que o Ribeirão Carioca responde bem ao volume de material em suspensão carregado pelo Ribeirão Saboeiro na estação se a, pois apresentou baixos valores. Na estação úmida o aumento da turbidez no primeiro ponto pode ser reflexo do uso do solo, principalmente dos usos agropastoris e dos focos de erosão acelerada que disponibilizam grande quantidade de material erodido, posteriormente
transportado em suspensão pelos canais fluviais. Nota-se também que o curso do Ribeirão Carioca não apresenta trechos de assoreamento crítico, mais comuns no Ribeirão Saboeiro.
Palavras-chave: geomorfologia fluvial; turbidez; Quadrilátero Ferrífero.
INTRODUÇÃO
A bacia hidrográfica é geralmente usada como unidade geográfica de referência nos estudos sobre recursos hídricos, pois suas características topográficas, geológicas, geomorfológicas, pedológicas, térmicas, além da cobertura da bacia, desempenham papel importante no comportamento hidrológico. Essas características contribuem para que os cursos d’água reflitam as pressões antrópicas que tendem a alterar determinados parâmetros das águas, dentre os quais a turbidez. De acordo com Tommasi (1994), os cursos d’água são sistemas reconhecidamente frágeis e qualquer interferência humana, direta ou indireta, pode acarretar impactos de difícil controle e reversão.
Os cursos fluviais também são considerados responsáveis pela esculturação da paisagem, refletindo o clima e a geologia locais, sendo estes fatores condicionantes importantes no transporte de materiais intemperizados para os fundos de vale e calhas fluviais (CHRISTOFOLETTI, 1974). Como sistema geomorfológico, a bacia hidrográfica deve ser considerada em sua totalidade, envolvendo todos os subsistemas que a constituem assim como suas inter-relações, os mecanismos de realimentação presentes além da influência antrópica exercida (PEREZ-FILHO et al, 2006; SANTOS, 2008).
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