A atividade de suinocultura tem como principal característica uma alta geração de efluentes líquidos que necessitam passar por processo de tratamento para atendimento dos padrões legais de lançamento nos corpos d’agua e/ou disposição final no solo. Sendo assim, objetivou-se verificar a eficiência do tratamento de uma suinocultura localizada na região Centro-Oeste mineira, em consonância com as legislações aplicáveis. O empreendimento conta com 1600 matrizes, sistema de ciclo completo. O sistema de tratamento é composto por separador de sólidos, tanque de homogeneização, dois biodigestores e duas lagoas anaeróbias e por fim, fertirrigação de culturas. Foram comparadas análises de entrada e saída contendo as variáveis físicas e químicas do afluente da ARS – Águas Residuária da Suinocultura. Para tanto foram analisadas as variáveis de DBO, DQO, pH, fósforo total, sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos totais, nitrogênio total, zinco total, potássio total, sódio, cobre total em quatro campanhas compreendidas entre os meses de julho de 2019 a novembro de 2020. O monitoramento do processo foi realizado por meio de coletas de amostras simples para análises físicas, químicas e bacteriológicas. O empreendimento analisado, por meio do seu sistema de tratamento de efluentes líquidos composto de biodigestores, lagoas anaeróbias, demonstrou-se eficiente na remoção global de carga orgânica, nutrientes e demais parâmetros. Porém, em função do parâmetro SST estar acima do limite permitido pela legislação destaca-se que a necessidade da realização do pós tratamento sendo fundamental que o empreendimento mantenha a fertirrigação em área agrícolas, evitando assim, a contaminação dos corpos receptores e descumprimento das normas legais.
Palavras-chave: Agropecuária; Tratamento de águas residuárias; Eficiência de remoção; Reúso.
INTRODUÇÃO
A suinocultura é considerada uma importante atividade econômica no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, o Brasil é o quarto maior exportador de carne suína do mundo, com um total de 582.000 toneladas. Em Minas Gerais, a suinocultura representa 13,8% da produção nacional e o estado ocupa o 4º lugar como produtor nacional (RAMOS et al., 2017).
O sistema convencional de produção de suínos tem como principal característica uma alta geração de efluentes líquidos que necessitam passar por processo de tratamento para atendimento dos padrões legais de lançamento nos corpos d’agua e/ou disposição final no solo. Apesar de sua relevância para o crescimento econômico do país e geração de empregos, é importante ressaltar os impactos negativos gerados por esse tipo de atividade. A criação de suínos possui um altíssimo potencial poluidor/degradador, com uma grande quantidade de produção de dejetos, como fezes, urina, água para higienização dos espaços e sobra dos bebedouros, pelos de animais, resíduos dos produtos de alimentação e sujeiras gerais, decorrentes da criação (SILVA et al., 2019).
Assim, sendo altamente poluidores, em países como o Brasil, Campos (2005) salienta que no respectivo país e na Europa cada matriz, em uma granja de ciclo completo, pode produzir até 25 m3 de dejeções ao ano. Além disso, é mencionado que os dejetos vão variar conforme o desenvolvimento corporal dos suínos, sedo que apresenta valores de 8,5 a 4,9% de seu peso vivo dia-1, considerando a faixa dos 15 aos 100 kg de peso vivo.
Os efluentes da suinocultura possuem um alto teor de matéria orgânica e nutrientes, com presença mais efetiva de fósforo (P), nitrogênio (N) e micro-organismos patogênicos. Dessa forma, é fundamental que que tais materiais não sejam lançados diretamente nos corpos d’água sem tratamento. O despejo irregular de águas residuárias da suinocultura (ARS) podem ocasionar eutrofização, favorecer condições anaerobiose, mortandade de peixes, dentre outros impactos negativos (LUCA et al., 2017). Diante do risco de degradação ambiental, é necessária aplicação de métodos eficientes no tratamento das ARS.
Nesse contexto, objetivou-se avaliar o tratamento dos efluentes de uma suinocultura, verificando possíveis falhas e se necessário, propor adequações ao sistema adotado atualmente, visando o atendimento integral das normas e regulamentos ambientais vigentes em Minas Gerais – Brasil.
MATERIAIS E MÉTODOS
A atividade de suinocultura do presente estudo localiza-se no Centro-Oeste mineiro na qual possui características de clima quente e temperado. A região apresenta pluviosidade média anual de 1300 mm e temperatura média de 20,8ºC. O mês de junho é o mês mais seco, com índice médio pluviométrico abaixo de 10mm e o período mais chuvoso é o mês de dezembro, com 267 mm de média.
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