A importância dos mamíferos carnívoros nos ecossistemas
Os mamíferos carnívoros de médio e grande porte ocupam uma posição central nos ecossistemas brasileiros, não apenas pelo papel que desempenham como predadores de topo, mas também por sua influência direta sobre a dinâmica das comunidades de presas e sobre a estrutura das cadeias tróficas.
Espécies como a onça-pintada (Panthera onca), a onça-parda (Puma concolor), o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e a jaguatirica (Leopardus pardalis) estão distribuídas em diversos biomas do país, cada uma delas com diferentes padrões de uso do espaço e de adaptação às mudanças ambientais.
A presença dessas espécies está associada a grandes áreas de vegetação nativa e, em muitos casos, depende diretamente da conectividade entre remanescentes de vegetação natural para garantir sua sobrevivência a longo prazo. Pesquisas já mostraram, por exemplo, que grandes predadores necessitam de territórios extensos, podendo ultrapassar centenas de quilômetros quadrados, especialmente em regiões de paisagem fragmentada.
A relevância do monitoramento dos mamíferos carnívoros para conservação e gestão ambiental
Compreender como esses animais se distribuem, quais áreas utilizam para caça, descanso e reprodução, e como se deslocam em meio a paisagens naturais ou modificadas é essencial para embasar processos de avaliação ambiental.
Estudos conduzidos em diferentes regiões do Brasil apontam que os impactos de empreendimentos mal planejados podem comprometer populações inteiras, reduzindo sua viabilidade e levando à diminuição da diversidade genética ao longo do tempo. Assim, o monitoramento torna-se uma ferramenta indispensável para orientar estratégias de mitigação e conservação, fornecendo informações precisas para gestores ambientais e tomadores de decisão.
Métodos de monitoramento dos mamíferos carnívoros em campo
Busca ativa por vestígios
Para alcançar esse nível de conhecimento, diferentes métodos de monitoramento são empregados em campo. Uma das abordagens mais comuns é a busca por vestígios, que envolve a identificação de pegadas, fezes, carcaças de presas ou até mesmo marcas de arranhadura em troncos, sinais que permitem inferir a presença da espécie em determinada área.
Essa técnica, embora simples, pode fornecer informações valiosas sobre o uso do espaço e sobre a dieta dos predadores, especialmente quando aliada a análises genéticas de amostras fecais, capazes de identificar não apenas a espécie, mas também indivíduos diferentes em uma população.

Clam em campo – Lucas Otávio Vasconcelos Soares
Além disso, o uso de cameras trap tem se consolidado como uma ferramenta essencial para o monitoramento da fauna, permitindo o registro de imagens e vídeos que revelam padrões de atividade, comportamento e interações entre espécies, mesmo em áreas de difícil acesso ou em períodos noturnos, quando a observação direta seria inviável.
Essas câmeras funcionam por meio de sensores de movimento e de calor, que disparam automaticamente a captura de fotos ou vídeos ao detectar a passagem de um animal, garantindo registros não invasivos e de alta relevância científica.


À esquerda: colaborador – Daniel Milagre Hazan / À direita: imagem capturada por camera trap ) bióloga Bárbara das Mercês Rosário)
Captura para estudos detalhados
Contudo, quando o objetivo é obter informações mais detalhadas, especialmente sobre movimentação e padrões comportamentais, a captura de indivíduos é necessária. Nesse contexto, duas técnicas se destacam: as armadilhas de grade e as armadilhas do tipo laço. As armadilhas de grade são estruturas metálicas, robustas e seguras, instaladas em locais estratégicos e acionadas por mecanismos de disparo automático.
Já as armadilhas do tipo laço, quando corretamente instaladas e monitoradas, permitem capturas eficientes em trilhas de uso frequente sem causar ferimentos, desde que manejadas por equipes treinadas e preparadas para o atendimento imediato do animal.




Por – Talita de Rezende Bueno
Coleta de dados e tecnologias aplicadas
Uma vez capturado, o animal é contido temporariamente para a coleta de dados biométricos e biológicos, como sangue, pelos, parasitas e amostras de tecido, que ajudam a compreender aspectos de saúde populacional e genética.




Por – Paola de Cassia Goncalves
Colares de monitoramento: da VHF ao GPS-satélite
A partir dessas capturas, torna-se possível instalar colares de monitoramento, recurso que revolucionou os estudos de ecologia de grandes predadores. Nas décadas passadas, os colares VHF eram a principal tecnologia disponível, exigindo que pesquisadores permanecessem longos períodos em campo, realizando a triangulação manual do sinal emitido pelo transmissor. Esse processo, embora pioneiro, limitava a quantidade de dados e exigia grande esforço humano.
Com o avanço da tecnologia, surgiram os colares GPS-satélite, capazes de registrar centenas de pontos de localização por dia e transmitir essas informações remotamente, em tempo quase real, permitindo análises muito mais refinadas sobre a área de vida, os deslocamentos e os padrões de atividade dos animais.


Animais capturas com colares GPS-satélite
Análises espaciais e ecológicas
Os dados obtidos pelos colares GPS-satélite permitem uma ampla gama de análises espaciais e comportamentais, que vão muito além de simplesmente saber onde o animal esteve. É possível calcular a área de vida de cada indivíduo, compreender seus deslocamentos ao longo do tempo e identificar rotas preferenciais, o que ajuda a avaliar a conectividade entre fragmentos de habitat. Mapas de densidade de utilização, como os mapas de kernel, mostram as regiões mais utilizadas, enquanto análises de seleção de habitat permitem identificar quais tipos de cobertura vegetal ou ambientes são preferidos ou evitados pelos animais. Essas informações, quando associadas a camadas de uso e ocupação do solo, ajudam a compreender a influência de atividades humanas sobre os padrões de movimento e a apontar áreas prioritárias para conservação e mitigação de impactos.

Mapa de monitoramento via GPS
Ética e segurança no monitoramento de grandes predadores
Apesar de todo o potencial científico e aplicação dessas técnicas, é fundamental ressaltar que o monitoramento de fauna, em especial de grandes predadores, deve sempre ser conduzido com ética, responsabilidade e protocolos rigorosos de segurança. A captura e a contenção de animais de grande porte trazem riscos tanto para a saúde e bem-estar da fauna quanto para a integridade da equipe de campo. Um manejo inadequado pode causar ferimentos, estresse excessivo ou até mesmo a morte de indivíduos, comprometendo não apenas o animal em questão, mas também a credibilidade do estudo.
Para minimizar esses riscos, são utilizados transmissores em armadilhas que emitem sinais VHF à distância, informando imediatamente quando um disparo ocorre. Esse recurso permite que os profissionais se desloquem rapidamente até o local, reduzindo o tempo de contenção do animal e evitando que ele sofra danos. Além disso, o uso de equipamentos de proteção, a presença de veterinários e biólogos especializados e a atuação de equipes treinadas em contenção química e física são condições indispensáveis para que o monitoramento seja realizado de forma segura.


Equipe Clam – Lucas Otávio Vasconcelos Soares & Paola de Cassia Goncalves
Outro ponto crucial é a segurança das equipes, já que lidar com grandes predadores sempre envolve riscos consideráveis. Somente equipes capacitadas, com conhecimento técnico, preparo físico e protocolos bem definidos são capazes de conduzir esse tipo de atividade com sucesso, garantindo a integridade de todos os envolvidos.
A atuação da Clam no monitoramento de mamíferos carnívoros
A Clam Meio Ambiente se destaca justamente por reunir todos esses requisitos em seus projetos de monitoramento de grandes mamíferos predadores. Com uma equipe altamente especializada, equipamentos modernos e experiência comprovada em campo, a empresa alia rigor científico à prática responsável, entregando dados de alta qualidade que orientam tanto ações de conservação quanto processos de licenciamento ambiental.
Mais do que uma obrigação legal, a execução desse tipo de trabalho representa um compromisso ético com a fauna brasileira e com a preservação de ecossistemas essenciais para a manutenção da biodiversidade. A experiência acumulada da Clam Meio Ambiente garante que cada etapa, desde a escolha do método até a análise final dos dados, seja conduzida com profissionalismo, responsabilidade e dedicação, assegurando que os resultados contribuam efetivamente para a conservação da fauna e para o sucesso dos empreendimentos que se preocupam em reduzir seus impactos.

Por – Fagner Teixeira
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