O monitoramento de fauna silvestre refere-se às atividades realizadas para avaliar e acompanhar a presença, distribuição, abundância e comportamento da fauna nativa ou migratória em áreas de influência de empreendimentos e atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, que são consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de impactos à fauna.
São seguidas as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais competentes, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente. Essas instituições são responsáveis por fiscalizar o cumprimento das condicionantes ambientais e aplicar as medidas necessárias para garantir a conservação da biodiversidade.
De acordo com o Artigo 8º da Instrução Normativa 146, de 10 de janeiro de 2007, o “Programa de Monitoramento de Fauna deverá apresentar: programas específicos de conservação e monitoramento para as espécies ameaçadas de extinção, contidas em lista oficial, registradas na área de influência direta do empreendimento, consideradas como impactadas pelo empreendimento”.
As ações de monitoramento podem incluir o uso de técnicas como instalação de armadilhas de captura viva (ex. live box, laço, bal-chatri), observação direta, instalação de armadilhas fotográficas, análise de vestígios (como rastros, fezes), entre outros métodos. Além disso, podem ser utilizadas abordagens como telemetria para rastrear movimentos e padrões de deslocamento de espécies ameaçadas. Os dados coletados durante o monitoramento são analisados e comparados com estudos prévios para avaliar mudanças nas populações. Caso sejam identificados impactos negativos significativos, medidas de mitigação devem ser implementadas, como a adoção de técnicas de manejo específicas, realocação de espécimes, preservação de habitats críticos ou compensação ambiental.
O setor do Meio Biótico da CLAM já executou e vêm executando diversos Programas de Monitoramento de Fauna Ameaçada. Dentre eles, podemos destacar a captura e o monitoramento via telemetria de indivíduos de Puma concolor (onça-parda), Chrysocyon brachyurus (lobo-guará) e Spizaetus tyrannus (gavião-pega-macaco) em programas de monitoramento a longo prazo. Em outro programa, para a espécie de primata Alouatta guariba clamitans (bugio-ruivo), a realização de entrevistas com os moradores locais constituiu em uma abordagem fundamental para levantamento da distribuição de espécies silvestres, somado aos métodos de busca ativa e sistemas de playback. Os dados obtidos nestes programas também podem contribuir com o Plano de Ação Nacional (PAN) de conservação de espécies, como é o caso do monitoramento da Hydromedusa maximiliani (cágado-do-pescoço-de-cobra), quelônio endêmico da Mata Atlântica, que contribui com o PAN para a Conservação dos Répteis e Anfíbios Ameaçados de Extinção na Serra do Espinhaço.
Todas essas atividades são realizadas por equipes especializadas, que podem incluir biólogos, médicos veterinários e outros profissionais capacitados. O monitoramento de fauna ameaçada consiste em uma atividade contínua, que deve ser realizada ao longo do tempo para garantir a efetividade das medidas de mitigação implementadas e para avaliar a evolução da população de espécies ameaçadas na área de estudo.