A governança ambiental no Brasil continua a ser um desafio complexo e instigante dada a vasta extensão do território, a diversidade de ecossistemas e os interesses econômicos envolvidos.
As empresas que se comprometem com práticas ambientalmente responsáveis já estão, no entanto, colhendo bons frutos. Processos de inovação, certificações sustentáveis, responsabilidade social corporativa e adoção de medidas para estimular a economia circular estão impulsionando mudanças positivas em diversos setores. Importante notar que a trajetória para uma governança ambiental mais sólida no Brasil exige uma colaboração contínua entre o governo, a sociedade civil e o setor privado, a fim de garantir um futuro sustentável para as gerações vindouras.
Desta forma, enquanto a demanda global por minerais aumenta, equilibrar essa demanda com a necessidade de proteção do ambiente e dos direitos das comunidades locais é um desafio importante e em constante discussão para o seu aprimoramento. Muitas empresas, principalmente as maiores, estão sendo fortemente pressionadas por investidores e pela opinião pública a adotar práticas mais responsáveis e sustentáveis na mineração. Esta pressão se tornou ainda maior e mais evidente após os acidentes ocorridos em Mariana-MG e Brumadinho-MG. Em se tratando da mineração no Bioma Amazônico, este é, sem dúvidas, um ponto sensível e amplamente discutido, devido aos complexos desafios dos empreendedores que vão muito além da obtenção de licenças ambientais e do atendimento às pressões de políticas regulatórias.
Contudo, a Amazônia é uma das regiões mais biodiversas do planeta, abrigando uma grande variedade de espécies da fauna e da flora, com alto grau de endemismo, comunidades tradicionais, indígenas e riquezas naturais. A exploração mineral nestas áreas deve não somente ser pautada no atendimento aos requisitos legais, mas, para alcançar a necessária credibilidade e legitimidade, devem ser desenvolvidas por empresas que sigam os preceitos da governança ambiental. Nota-se claramente, neste momento, que apenas empresas com uma reputação positiva junto a seus clientes, funcionários, investidores e a sociedade em geral conseguem progredir de maneira sustentável nestes territórios, contribuindo com o desenvolvimento econômico destas regiões, aliado à preservação ambiental.
Nessa perspectiva, as práticas relacionadas ao ESG – Ambientais (E), Sociais (S) e de Governança (G) nas mineradoras, em função da natureza da sua atividade, têm ganhado cada vez mais destaque nas áreas de investimento e gestão empresarial nos últimos anos e este, seguramente, continuará a ser um tema relevante à medida que as empresas e investidores buscam equilíbrio entre o desempenho financeiro e o impacto social e ambiental. O pilar “Ambiental”, ademais, deve ser trabalhado tendo como ponto de partida uma avaliação inicial ou diagnóstico profundo da organização e de suas operações. Nesta etapa realiza-se uma verificação cuidadosa dos processos internos e projetos para que seja possível estabelecer as ações de transformação necessárias na empresa. Métodos de padronização das análises e resultados também são recomendáveis.
Enfim, há uma “receita de bolo” pronta para empreendimentos minerários na Amazônia? Metodologias e casos de sucesso existem e devem ser considerados, mas é importante lembrar e frisar que as organizações possuem identidade, cultura organizacional própria, valores e forma de operar, que influenciam sobremaneira como estas se apresentam ao mercado e interagem com os stakeholders. As empresas possuem crenças, comportamentos e práticas, que muitas vezes definem a forma como são tomadas decisões e estes aspectos também devem ser trabalhados. Existem, finalmente, consultorias especializadas que têm sido fundamentais nesse processo, pois contam com equipes multidisciplinares com a expertise necessária para identificar oportunidades de melhoria dos processos de gestão ambiental, sua relação com o ambiente, inovação, adoção de tecnologias mais limpas e práticas sustentáveis, além de contribuir no processo sistemático de definição de metas e indicadores, adequados em cada caso, permitindo que as empresas monitorem e evidenciem seus resultados e avanços.
Acreditamos firmemente que adotadas práticas adequadas de governança ambiental baseada nos princípios ESG estaremos habilitados a um futuro brilhante. Brilhante e sustentável, ambientalmente e economicamente.