A IMPORTÂNCIA DA ÓTICA DOS RISCOS SOCIOAMBIENTAIS NA TOMADA DE DECISÃO DAS ORGANIZAÇÕES

Os Relatórios de Riscos Globais (Global Risk Reports, no original em inglês) são importantes relatórios produzidos pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Fórum) e divulgados anualmente na Conferência de Davos. Eles têm sido utilizados por empresas do mundo todo, pois permitem acompanhar a evolução das percepções de riscos globais entre especialistas em riscos e líderes de negócios, governo e sociedade civil, em um cenário de rápida mudança tecnológica, incerteza econômica, aquecimento do planeta e conflitos.

Riscos Ambientais em Destaque

Os aspectos socioambientais começaram a ocupar um lugar de maior relevância nas discussões dos executivos a partir de 2015. Na edição de 2020 do Relatório, pela primeira vez, os cinco maiores riscos em termos de probabilidade estavam todos relacionados ao meio ambiente: eventos climáticos extremos, falha na ação climática, desastres naturais, perda de biodiversidade e desastres ambientais causados por ação humana.

No ano seguinte, em 2021, surgiram novos riscos relacionados a doenças infecciosas, crises ligadas aos meios de vida e sobrevivência, inequidade digital, deterioração da saúde mental e estagnação econômica. Esses riscos refletem as expectativas globais sobre questões sociais latentes, como as desigualdades sociais e a erradicação da pobreza.

Novos Riscos Sociais e Tecnológicos

Esses relatórios também identificam tendências e sinalizam o que nos espera no futuro, levando em consideração as seguintes categorias de riscos: econômica; meio ambiente; geopolítica; societário; tecnologia. Já no Relatório de Riscos do Fórum Econômico Mundial de 2024, os riscos apontados foram os contidos na tabela abaixo, atentando-se, mais uma vez, para os riscos climáticos, que aparecem em segundo lugar, dentro de uma visão de longo prazo, e como primeiro, dentro de uma visão de longo prazo:

riscos climáticos

Em 2023, foi publicado um estudo pela Science Advances[1], realizado pela Universidade de Copenhague, na Dinamarca, indicando que, pelo menos seis dos nove limites planetários[2], já tenham sido ultrapassados devido à atividade humana, o que significa dizer que a Terra está agora fora do espaço de operação seguro para a humanidade.

As fronteiras são nove elementos do ambiente global que desempenham um papel fundamental na manutenção da estabilidade e da habitabilidade do planeta. Por sua vez, os limites superados e apontados pelo estudo da Science Advances são: mudança climática, novas entidades (como os microplásticos), integridade da biosfera, mudanças no uso da terra, uso da água doce e fluxo biogeoquímico.

Integração dos Riscos Socioambientais na Gestão Organizacional

Ainda não foram extrapolados pelos humanos a acidificação dos oceanos, o esgotamento do ozônio estratosférico e a carga de aerossol estratosférico:

esgotamento do ozônio estratosférico e a carga de aerossol estratosférico

De acordo com a ISO 31000, que fornece diretrizes sobre a gestão de riscos, é crucial que as organizações considerem riscos em suas estratégias e processos de tomada de decisão. A norma enfatiza a importância de identificar, analisar e avaliar riscos de forma sistemática e contínua para garantir a resiliência e a sustentabilidade das operações. As abordagens recomendadas pela Norma alinham-se aos insights dos Relatórios de Riscos Globais, oferecendo uma estrutura para mitigar ameaças emergentes e capitalizar oportunidades em um ambiente de riscos dinâmicos e complexos.


[1] Terra além de seis das nove fronteiras planetárias | Avanços da Ciência (science.org)

[2] Fronteiras planetárias – Stockholm Resilience Centre

Autor

Outras do Blog

O SGI como Ferramenta Importante para a “Bola da Vez”: O ESG  

A integração do Sistema de Gestão Integrado (SGI) e os critérios ESG proporciona uma abordagem holística para a gestão sustentável nas organizações. Enquanto o SGI estrutura a gestão da qualidade, meio ambiente, saúde e segurança, o ESG adiciona critérios ambientais, sociais e de governança, promovendo uma operação transparente e responsável. Juntos, SGI e ESG melhoram a eficiência operacional, fortalecem a reputação corporativa e atraem investidores, destacando-se como uma estratégia essencial para a sustentabilidade empresarial.

FÓRUM CONEXÃO ESG – Pará 2025

Fórum Conexão ESG – Pará consolida Belém como centro de debates sobre sustentabilidade e fortalece o papel do estado na preparação para sediar a COP 30.

MINERAÇÃO SUSTENTÁVEL: O PAPEL VITAL DA GESTÃO AMBIENTAL INTEGRADA

No Dia Mundial da Mineração, celebrado em 7 de maio, é crucial refletir não apenas sobre os benefícios econômicos da mineração, mas também sobre seu impacto ambiental. Empresas de mineração enfrentam o desafio de equilibrar a busca por recursos naturais com a preservação do meio ambiente. Neste contexto, a atuação de empresas de gestão ambiental integrada e consultoria ambiental, como a Clam, desempenha um papel fundamental na promoção de práticas sustentáveis na indústria da mineração.